Na manhã desta quarta-feira (13), o governo anunciou as primeiras medidas para tentar amenizar o impacto negativo que o “tarifaço” – cobrança de sobretaxa de 50% para entrada de produtos brasileiros nos Estados Unidos – causou em muitas empresas do país.
A principal medida criada em socorro destas empresas é uma linha de crédito de R$30 bilhões, que deverá ser utilizada para evitar que ocorram demissões. O governo também prorrogou por um ano o prazo para que as empresas consigam exportar mercadorias, que tiveram insumos beneficiados pelo chamado “drawback”. Desta forma, devem ser incentivadas as exportações, permitindo a suspensão ou isenção de tributos na importação de insumos utilizados na fabricação de produtos que serão exportados.
Além disso, a Receita Federal adiará a cobrança de impostos para as empresas mais afetadas pelo tarifaço. As empresas afetadas terão crédito tributário (valores a abater em impostos) para que suas vendas ao exterior sejam desoneradas, entre outras medidas.
Produtos afetados
O tarifaço, que iniciou no começo do mÊs, deve refletir em toda a economia do país. Segundo o economista da Fipe (Fundação Instituto dde Pesquisas Econômicas), avaliou que haverão cobranças desfavoráveis nos setores.
“Se o volume de exportação diminuir e o excedente for disponibilizado aqui no Brasil, isso pode provocar temporariamente uma queda dos preços”, André Braz.
Café
Depois de altas consecutivas, a expectiva é que que haja maior disponibilidade de grãoes no país e com issto baixe os valores nas prateleiras dos mercados. A exportação de café deve cair pela metade. A perspectiva da Pine Agronegócios para o excedente é equivalente a mais de 70% do consumo da produção nacional.
Carne
O valor ainda está incerto após o tarifaço, mas na pratica deve ocorrer como os outros produtos afetados, que é a queda da exportação aos EUA e o aumento da oferta no país, com maior disponibilidade em açougues e supermercados.
A cotação da arroba do boi fechou julho com queda de 7,3%. O patamar de referência para avaliar o preço de 15 kg do boi vivo passou de R$ 317,40 para R$ 294,35 no mês passado, como mostra o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Ovo de galinha
As perspectivas consideram, assim como com o café, a maior disponibilidade interna do alimento. O Brasil enviou 15.202 toneladas de ovos para os EUA no primeiro semestre. O valor representa 61% do total de exportações do produto realizadas no período, mostram dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). Após saltar mais de 30% no primeiro trimestre, o ovo de galinha acumulou queda de 11,5% nos três meses seguintes, conforme as estatísticas do IPCA. Com a manutenção do tarifaço, as projeções são de que a trajetória será mantida.
Frutas
Com 90% do total exportado aos EUA em 2024, as mangas, uvas e frutas processadas, como o açaí, sentirão os maiores impactos, resultado que elevaria a disponibilidade interna dos produtos. “Se houver alteração [de preço], é para baixo, não tenho a menor dúvida”, afirma Silber, da Fipe.
Vestuário
Roupas e os calçados também serão afetados pela taxa de 50%. Os produtos do segmento integram o grupo de vestuário do IPCA e tendem a reverter a sequência de quatro meses consecutivos de alta dos preços.
Madeira
A madeira é outro bem que deve ser fortemente impactado pela política tarifária de Trump. Em 2024, os exportadores do produto comercializaram cerca de US$ 1,6 bilhão ao mercado americano.
Pescados
O setor de pescados é um dos grandes afetados pela política tarifária de Trump. De acordo com Eduardo Lobo, da Abipesca (Associação Brasileira das Indústrias de Pescados), 70% das exportações do setor são destinadas ao mercado estadunidense.
Equipamentos de construção civil
Mais da metade (52,2%) das exportações de equipamentos de construção civil brasileiros foram destinados aos americanos em 2024, totalizando um montante de US$ 1,5 bilhão para o setor.
Fonte: Uol e CNN